América Latina desconhece parcialmente a si mesma
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Em seus ensaios, frutos de sua relação pessoal com os poetas, Floriano dedica um capítulo a cada um dos grandes poetas: Aldo Pellegrini, César Moro, Enrique Molina, Emílio Adolfo Westphalen, Octavio Paz, Roberto Piva e muitos outros. A busca também passa pela natureza estética dos poetas, em breves avaliações. O livro descortina um amplo painel acerca das influências do Surrealismo, informando sobre acontecimentos até então não percebidos ou devidamente inseridos na historiografia que trata do assunto, mostrando assim que a América Latina desconhece parcialmente a si mesma. Trata com honestidade e sem folclorização de aspectos ligados à poesia e à cultura nos 20 países que conformam o âmbito da pesquisa. Embora o tema central do livro venha sendo bastante comentado mais recentemente, Floriano Martins trata de um Surrealismo que ultrapassa o circuito europeu, permitindo ao leitor uma compreensão de momentos até então não mencionados ou sequer verificados pela crítica literária no Brasil. Ao reunir poetas brasileiros e hispano-americanos propicia um encontro revelador e sugere uma aguda reflexão acerca da ausência de diálogo entre essas culturas. O Começo da Busca divide-se em três extensos capítulos, iniciando-se com um estudo detalhado sobre as ações essenciais do Surrealismo em vários países da América Latina. Em seguida, o leitor tem acesso a uma mostra substanciosa do pensamento e da poesia de autores como os argentinos Aldo Pellegrini e Enrique Molina, os peruanos César Moro e Emilio Adolfo Westphalen, os brasileiros Sérgio Lima e Roberto Piva, o mexicano Octavio Paz, os chilenos Enrique Gómez-Correa e Ludwig Zeller, o colombiano Raúl Henao e os venezuelanos Juan Sánchez Peláez e Juan Calzadilla. Um conclusivo capítulo reúne entrevistas com os brasileiros Roberto Piva e Sérgio Lima, o argentino Francisco Madariaga e o espanhol Ángel Pariente (autor de uma importante antologia do Surrealismo em língua espanhola). O título da obra revela a intenção desmitificante da visão crítica de Floriano Martins, ao inverter o título de um livro de Octavio Paz sobre o Surrealismo. O que era busca do começo no mexicano passa a ser visto como começo da busca no brasileiro, identificando assim uma urgência, em um contexto com evidente sentido político, de que nos reconheçamos a nós mesmos, latino-americanos. Uma leitura atenta de O Começo da Busca permitirá o entendimento de uma poesia cujo diálogo aberto com as evidências propiciadas pelos conceitos de tradição e ruptura soube evitar submissões a nacionalismos, modismos, limitações escolásticas ou quaisquer outras formas de provincianismo. Trata-se de um Surrealismo renovado e diverso, que segue surpreendendo pela vitalidade. Contato editor: Carlos
Furlan: [email protected],
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